Porque é que temos tendência a gostar (no sentido romântico) de pessoas que não gostam de nós com a mesma intensidade?

 Seremos movidos por uma macabra forma de tortura que nos dá prazer ou teremos na realidade uma baixa auto-estima que nos faz perseguir/desejar não aquilo que não podemos ter mas sim aquilo que não nos quer?

Qualquer uma das hipóteses não me parece grande coisa (não me parece nada saudável), mas a realidade é esta, quando gostamos de alguém que não nos corresponde na mesma medida ficamos tristes/chateados/aborrecidos e devíamos simplesmente esquecer e seguir em frente mas não o fazemos de imediato, a coisa não é assim tão instantânea, tomamos tempo, tomamos palavras de amigos sob forma de conselho, aviso, alento, ouvimos horrores e louvores sobre nós e sobre de quem gostamos na tentativa desajeitada e bem intencionada de acabar com um sentimento que na realidade não se percebe bem o nome que tem, tomamos decisões diversas ao conforto de cada um por forma a minimizar uma tristeza que não devia existir mas que está lá, essa tristeza será porque não gostam de nós com a mesma intensidade ou porque não gostarem de nós com a mesma intensidade lá no fundo não é mais que orgulho ferido?

A sabedoria popular dir-nos-ia que não correspondido é amor e que orgulho ferido é resultado de demasiado mimo na infância, temos um belíssimo sistema de gratificações montado para o efeito por forma a não existirem demasiadas perguntas sobre o assunto.
Mas então alguém me explique o que é o amor porque já perguntei a diversas pessoas e ninguém me deu uma resposta consistente, alguns descrevem sintomas de enfartes, de ataques de ansiedade, falhas respiratórias, outros por seu lado descrevem um sistema de dados adquiridos do género: "quando amas sabes logo que é aquela pessoa", "é uma certeza que vem do coração", alguns declamam poesia porque parece que andam e andaram por aí uns senhores e senhoras que sabiam do assunto e publicaram sobre ele "amor é fogo que arde sem se ver", e no fim de contas ficamos com um monte de perguntas em aberto e discursos sem nexo ao que alguém do alto da sua sabedoria diz com a maior das convicções "quando amares a sério logo ficas a saber a resposta à tua pergunta".
Mas se fôr um caso de mimo a coisa fica azeda, mas azeda mesmo, as sobrancelhas levantam-se, as indignações tomam um tom de voz seco e áspero, isto tudo porque estamos a ir contra a lei cósmica dos sentimentos puros e verdadeiros que toda a gente defende desde o berço e que passa na televisão e em diversos postais pelo dia 13 de Fevereiro. Passamos a ser vistos como necessitados de ajuda psiquiátrica porque isso não é normal, não se pode desejar alguém pelo sentimento de posse nem pelo sentimento carnal, vai contra as leis de uma natureza fabricada por valores morais que desesperadamente tentam se apartar de noções antigas/medievais mas que nunca o conseguiram fazer, apenas lhes mudaram as cores e os nomes.

Um dia talvez tenha as respostas a estas perguntas, mas não hoje, hoje vou é trabalhar que se faz tarde.

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