Passou uma semana

Já passou uma semana e outro fim de semana, neste era o meu aniversário.

É engraçado como recebi mais de 60 felicitações (ou o raio que cada um chama) pelo facebook, bando de forretas (e não me venham com a história da crise) são quase todos moche e todos têm o meu número e se não tiverem podem ver no meu perfil.
Tiro daqui umas boas conclusões, deram-me os parabéns pelo facebook porque aquilo está ali para toda a gente ver e parece mal ser o único que não deu os parabéns (ninguém quer ser "julgado"), o facebook (entre outros) é e sempre foi, por muito boas intenções dos seus criadores, um site/rede social promotora de cinismo, somos todos "amigos" mesmo que na realidade o amigo(a) X ou Y seja um verdadeiro sacana, dá geito ter esta gente à distância de um click mas não de um telefonema, à distância de um click permite ter muitos amigos (parece que muita gente até nos acha porreira), ter a quem cravar coisinhas para jogos, ter contactos para um possível desenrrascanso profissional ou pessoal, sabemos da vida alheia que se encontra demasiado escarrapachada sem na realidade ter contacto com as pessoas, no fim de tudo tornamo-nos  seriamente dependentes destas redes sociais porque entretanto já passou tempo de mais desde a última conversa verdadeira e sonora que tivemos com A B C ou D que se torna estranho pegar no telefone e dizer olá, se por um lado as redes sociais nos permitem encontrar pessoas que não víamos à anos por outro lado faz-nos perder o contacto humano com todos os outros e estes que reencontrámos também não vão longe.
Tenho a noção de que tenho de me afastar do facebook, só passar por lá quando fôr necessário a nível profissional, não me quero transformar em nenhum ser alienado, dou valor ao contacto verdadeiro com as pessoas, defeito ou feitio acho que faz mal viver por trás de um ecrã, substituir as palavras com a devida entoação e os afectos por smiles é esquisito, acho que devemos ler e escrever muito mas não de forma a perder a voz e os laços que custam tanto a criar por links. A vida não são zeros e uns, likes e comments.

Quanto ao meu aniversário... aqui entra o contra-censo, safei-me bem de ouvir a musiquinha parva cantada por vozes desafinadas com o engraçadinho do costume a começar a meio, com as velas que nunca apagam, com os beijinhos da praxe, com o almocinho e jantarinho com familiares, isto tudo só acontece porque na realidade sou traumatizada com o divórcio dos meus pais, no dia do meu 12º aniversário jantei em família, e já todos sabíamos que seria o último em que eu teria os meus pais juntos, o divórcio foi no dia seguinte, podiam ter evitado a cena mais macabra, tortuosa, ridícula e constrangedora da minha vida? Podiam mas mantiveram a palhaçada e a valquíria perdeu a inocência nesse dia.
O sonho é um dia ter a minha família e fazer as coisas como devem ser. 
Mas hoje consegui que fosse um dia normal como os outros todos, isso só por si já me deixou muito contente, não recebi prendas nem as queria, posso não ter muito dinheiro e às vezes nenhum, mas tenho saúde, comida na mesa, roupa no corpo, familiares que gostam de mim e amigos verdadeiros que souberam pegar no telefone porque estão longe, que souberam dar aquele beijinho e aquele abraço porque estavam perto.
Parecendo que não... isso chega-me.

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